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Andar em volta de si mesmo

Exibir plumas, inflar o peito, dar saltos e caminhar em torno de si para atrair o parceiro ou parceira — no mundo de nossos parentes alados, os pássaros — é algo natural, coerente e instintivo. A natureza expressa, em cada gesto, o propósito de perpetuar a vida. Creio, porém, que não existam formas de vida que se alimentem somente quando outras espécies também o fazem; a necessidade da nutrição é universal, mesmo que cada ser a manifeste singularmente.

O chamado “livre-arbítrio” — esse conceito tão celebrado pela humanidade — é, na maioria, uma ilusão refinada. Temos a sensação de escolher, mas nossas escolhas são guiadas, muitas vezes, por estímulos externos: aparência, aroma, disposição dos alimentos na mesa, ou o simples hábito herdado. Podemos optar entre travessas, mas não entre a necessidade ou não de comer. A liberdade, portanto, é relativa, limitada pelas leis biológicas e pelas conveniências culturais.

Desde a infância, somos condicionados a aceitar o que nos é oferecido. Recebemos o alimento das mãos da mãe, do pai, ou de nossos tutores sem questionar. Confiamos, sem hesitar, e ingerimos o que nos é dado. Essa docilidade inicial acompanha-nos por toda a vida. Crescemos, amadurecemos, mas mantemos a mesma tendência a confiar cegamente — agora não mais somente nas mãos que nos alimentam, mas nos sistemas que nos governam, nos mitos que nos moldam e nas vozes que se dizem portadoras da verdade.

É imperativo que existam leis e regras para haver harmonia social, mas elas deveriam ser aplicadas com justiça verdadeira — e não com o peso desigual das moedas ou dos interesses. Já escrevi, em outra página deste blog, que “a guerra não é inerente ao ser humano”; o que realmente é intrínseco em nós é o hábito de acreditar nas “verdades” impostas, de seguir líderes, sistemas e crenças sem o devido questionamento.

Intriga-me o quanto de nossa formação mental foi alicerçada sobre fundamentos duvidosos, quase sempre mal-intencionados. Quando criança e jovem, ouvi e aceitei conceitos que, mais tarde, percebi carregados de preconceito e manipulação — sobre especialmente o que significa ser pobre, explorado ou carente. Desde os primórdios da civilização, a humanidade tem sido doutrinada a considerar natural a existência dos desiguais, dos subjugados, dos servos.

A herança ideológica de nossos antepassados, registrada nos livros religiosos e nas doutrinas morais, não propõe revoluções profundas. Fala-se em amor, misericórdia e solidariedade — virtudes nobres, sem dúvida — mas raramente se questiona o alicerce que sustenta a desigualdade. Assim, perpetua-se o mesmo ciclo: o da aceitação passiva. A crença de que a hierarquia social é “parte da ordem natural” da vida humana.

Mas a natureza, observada com atenção, ensina outra lição. Nenhum ser é superior ao outro — todos dependem de todos. O que diferencia o homem não é a razão, mas sua capacidade de distorcer a razão para justificar o domínio. Enquanto os pássaros exibem suas plumas somente para celebrar a vida, o homem infla o peito para sustentar ilusões.

Caso dure mais milhares de anos ou eternamente pelo universo

  Eu p oderia iniciar este trabalho   a ser publicado dizendo , quando nossos dias  chegarem ao fim , estando de part ida para o (céu) ou ou...