A humanidade e o peso da indiferença
A humanidade não deve — e não pode — permitir essas barbáries constantes, seja por dinheiro, vaidade ou ambição.
A todo instante, crianças são massacradas em diferentes partes do planeta.
Uns defendem seus princípios e religiões; outros, sua ganância.
Em guerras ou opressões, são sempre as crianças as verdadeiras vítimas, pois os adultos escolhem seus líderes, seus deuses, e permitem o domínio sem reação alguma.
Sendo assim, não há vítimas inocentes nem escravos inconscientes: há conivência.
Dignidade e razão
Sejamos dignos de nosso intelecto.
Contribuamos, de alguma forma, para a cultura humana.
É insuportável presenciar tanta injustiça acontecendo por todos os lados — com as crianças, com a natureza, com a própria razão.
Entre seres racionais, guerras não são necessárias, a menos que se as admire.
Contudo, duvido que alguém suportaria recolher pedaços de seus filhos ou pais espalhados pelo chão, vítimas de um artefato bélico, ou vê-los morrer sem socorro pela falta de bens de consumo elementares.
A herança da negligência
Ainda hoje, vemos o estrago e o descaso com os povos do continente africano.
Mantêm-se a instigação e o confronto entre cidadãos irmãos, tornando países desorganizados e vulneráveis à exploração por especuladores estrangeiros.
Fala-se muito em humanismo.
Mas onde está ele quando crianças morrem como formigas?
A ONU, por exemplo — há quanto tempo existe?
E o que realmente apresentou ao mundo em defesa concreta das crianças e adolescentes mortos nestes dias tristes?
Suas atitudes, diante dos problemas globais, mostram-se contraditórias em relação aos ideais que proclama.
Seus membros são, em geral, países de sólidas economias — ou próximos disso.
E, se a economia mundial é baseada no capital, como esperar justiça daqueles que controlam o destino de suas nações e influenciam outras?
Justiça e primitivismo
A bestialidade humana — casual ou pretensiosa — é quase sempre abissal.
Justiça.
Aceitar os conflitos como perpétuos é manter o cidadão em estado de primitivismo, incapaz de despertar em si o potencial de aprimoramento.
Não distingue, ao redor, o quanto poderia realizar pelo bem comum.
A justiça, portanto, não deve ter importância apenas dentro das fronteiras de um país, mas também nas relações entre as nações, conduzida de modo sábio e universal — como um bem essencial à humanidade.
Mentiras, promessas e o falso mérito
Enquanto causas forem defendidas apenas por valor monetário — como honorários — e enquanto países escolherem seus líderes pelas promessas que fazem, a mentira continuará apregoada.
Pouco ou nada esses líderes conseguem realizar em seus mandatos, pois quase tudo já se encontra comprometido por seus antecessores.
As referências de um candidato a cargo público deveriam ser:
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seu passado,
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currículo escolar,
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histórico de trabalho,
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relacionamento com vizinhos e familiares,
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realizações e projetos sociais,
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e estudos compatíveis com o cargo pretendido.
Promessas estão fora da lógica da verdade.
Em política, quem promete, quase sempre mente.
Podemos mentir sobre o futuro, mas o passado não mente sobre nós — ele é a verdadeira carta de apresentação.
A fé e o desvio da razão
De nada adianta murmurar, lamentar ou pedir aos céus.
Eles já existiam muito antes de nós e não estão aqui para corrigir nossas falhas irresponsáveis.
Deuses monstruosos ou belos só combinam com nossas fantasias fabulosas.
Agradecer aos céus sacrificando crianças ou animais em nosso favor é mais uma forma de bestialidade — condizente com o nível mental atual da humanidade.
Quando uma criança morre atingida por um artefato de guerra, ou sofre qualquer dano físico ou psicológico, há uma semelhança com a cena de alguém orando a Deus pedindo bens supérfluos.
Ambas as atitudes nascem da mesma cegueira moral.
As verdadeiras causas das guerras
Algum ser humano ainda ignora os motivos das guerras?
O Universo é, em grande parte, químico — e nós também o somos.
Temos a capacidade de pensar e manipular acontecimentos, mas nem sempre as orações são atendidas ou garantem paz a um povo.
A guerra é movida, pura e simplesmente, por poder, bens, água, petróleo, território e vaidade.
Disse certa vez um general: “A guerra é inerente ao ser humano.”
Absurdo — sobretudo vindo de um homem instruído.
Mais uma prova de que escolas e universidades não tornam ninguém mais sábio ou humanista.
Podemos admitir a guerra como inerente ao homem apenas em tempos primitivos.
Defendê-la hoje é perpetuar o atraso da criatura inteligente —
um jardim sombrio onde flores servem apenas aos caprichos humanos,
e crianças continuam sendo brutalmente assassinadas para que se tome o que pertence a seus pais.