Já pensou em quanta energia, tempo e até dinheiro a gente gasta discutindo se Deus existe ou não?
É um debate que atravessa séculos, move paixões e, sejamos sinceros, leva raramente a uma conclusão que satisfaça todo mundo.
Mas e se eu te disser que, talvez, essa não seja a pergunta mais importante que deveríamos estar fazendo agora?
Pense bem: enquanto a gente debate o divino, aqui na Terra temos problemas bem concretos.
Fome, desigualdade, crises climáticas, falta de acesso à saúde e educação.
São desafios gigantescos que exigem nossa atenção, nossa inteligência e, acima de tudo, nossa ação conjunta.
Em vez de nos dividirmos por crenças, que tal nos unirmos por causas?
Imagina o que poderíamos realizar, se, toda energia gasta em provar ou refutar um ponto de vista fosse usada para resolver um problema real.
Acredito que a verdadeira espiritualidade se manifesta na nossa capacidade de cuidar uns dos outros. Vamos focar no humano?
Alguns, orgulhosos de suas convicções, aventuram-se a sondar o sentido da vida — sempre duvidoso, sempre nebuloso. A mim, jamais criei animais, aves ou qualquer ser em cativeiro; não por pretender ser modelo de compaixão, mas porque observo com clareza a cena recorrente: porcos, galinhas, vacas ou bois, habituados ao cuidado diário, respondem com afeto a seus donos, ignorando que podem, a qualquer instante, tornar-se alimento de quem lhes ofereceu carinho.
Assim também ocorre com a humanidade: desbravadores, filósofos e cientistas, mesmo sem esperarem gratidão, ergueram o mundo em que vivemos, apesar das amarras do Estado e das religiões.
Esses agentes do pensamento permitiram que nossa espécie avançasse rumo à saúde e à lucidez, mais do que à servidão. Nossa condição, observada sem dogmas, revela que somos regidos por processos naturais, semelhantes aos dos demais seres.
Na infância e na meia-idade, células e hormônios trabalham com precisão, sustentando o corpo e, para quem acredita, também a alma. Corpo nutrido e descansado produz uma alma em equilíbrio.
Porém, milênios de narrativas forjadas sustentaram estruturas de poder. Chamá-las de mentiras não é ousadia: é somente confidência com o bom senso. Quando observamos com honestidade, o engano se torna evidente.
Perguntei, no início, qual a importância em fazer alguém acreditar ou não em Deus. Retorno à pergunta porque, após o auge biológico e da geração da vida, inicia-se o declínio — não por castigo, mas pela ordem natural.
Nada sabemos sobre nossa origem ou propósito. Filhos, amigos, pais partem, e nós, como o gado e a ave, caminhamos para o mesmo desfecho inevitável.
A consciência disso deveria nos elevar, não nos subjugar. Não há ser humano privilegiado com respostas transcendentais.
Seguir aventureiros que lucram com o mistério e se dizem representantes de divindades imaginárias é abdicar da própria lucidez. A existência não depende da crença ou da descrença, mas da responsabilidade que assumimos diante dela.
O compromisso fundamental é simples: evitar a dor alheia, cultivar a bondade, tratar bem pessoas e animais. Transformar o coração em templo vivo.
Ouvir-se é reencontrar verdades que séculos de manipulação tentaram sepultar. É surpreendente como retornam.
Sócrates, interrogado por seus acusadores sobre a existência de Deus — sabendo que qualquer resposta poderia selar sua morte — afirmou que essa questão caberia à posteridade.
Seu destino foi decidido não pelo que disse, mas pelo que representava: a liberdade de pensamento.
Por isso, não desperdice vida tentando compreender as maquinações dos que enganam. Eles sobrevivem justamente da energia que lhes entregamos. Use seus recursos para o que edifica, não para o que oprime.
red9juarez
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