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Violência não se corrige com leis: educa-se ou perpetua-se

 



Violência não se resolve com prisão

Educação como caminho para reduzir a violência

Leis não mudam costumes sociais

Crítica à lei Maria da Penha sob perspectiva social

Sistema penal como solução imediatista

Educação emocional desde a infância 

Impacto da cultura punitiva na sociedade

Prevenção da violência através da educação 

Convivemos com a violência em todos os lugares e em todas as classes sociais. E, por mais paradoxal que pareça, convivemos também com sua camuflagem ativa — sustentada por aqueles que insistem em perpetuar, ao longo do tempo, fantasias sobre a vida e sobre si. Essa alienação, esse afastamento da compreensão real da existência, também é violência. 

As leis são fundamentais, desde que não sejam flexíveis ao ponto de se tornarem manipuláveis. Se sugeríssemos a alguém sem preparo físico que levantasse cento e cinquenta quilos, o fracasso seria inevitável. A comparação não é vaga nem leviana: assim como o corpo sem preparo não suporta o peso, uma sociedade sem base educacional sólida não sustenta leis complexas e exigentes. 

Não é necessário passar anos estudando direito para compreender um ponto essencial: as leis não mudam os costumes; são os costumes que mudam as leis. Existem, em nosso país, dispositivos legais desconcertantes. A Lei Maria da Penha, por exemplo, sem negar sua importância na proteção das pessoas, levanta uma questão raramente enfrentada com honestidade: onde estaria o equilíbrio emocional perfeito atribuído ao homem? 

Não se trata de defender a violência, nem de negar a necessidade de proteção a crianças, jovens, adultos, idosos — homens ou mulheres — nem mesmo à natureza, aos animais, às plantas ou ao planeta. O ponto central é outro: não se elimina a violência com presídios, nem se corrige uma sociedade somente superlotando os já existentes. 

Criar leis que afastam o agressor — seja culpado, instigado, provocado ou até vítima — é, para o Estado, uma solução mais barata e imediata. Educar custa caro. Mas é o único caminho real para reduzir a violência de forma profunda e duradoura. 

Parte-se de uma premissa frágil: a suposição de que o homem é naturalmente dotado de tolerância, sensatez, bom senso e equilíbrio emocional. Todos sabemos que isso não corresponde à realidade. Somos seres racionais, sim, mas profundamente emocionais, influenciados pelo meio, pelas palavras, pelos sons e até por ciclos naturais. 

Se desde os primeiros anos escolares fossem ensinados o reconhecimento do espaço do outro — a consciência de quando nossos atos se tornam prejudiciais — muito poderia ser evitado nas relações humanas, especialmente entre casais. A educação emocional e ética, embora custosa para o Estado, produziria um resultado incomparavelmente mais positivo para a sociedade na totalidade. 

Exceto, é claro, se for mais interessante manter o fluxo financeiro alimentando magistraturas e sistemas carcerários, com seus custos exorbitantes. Isso não surpreenderia, considerando a tradição de formar caráter a partir da lógica do acúmulo: quanto mais se possui, melhor se é, relegando a educação e a cultura a planos secundários. 

Com tal procedimento, perpetua-se não somente a violência física, mas a estrutural — silenciosa, normalizada e socialmente aceita.

Sem educação emocional, toda política de combate à violência é paliativa. 


red9juarez 

 


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