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Vergonhosamente, nós, adultos, ainda não fizemos jus aos primeiros sinais de aprimoramento intelectual — esse, limite entre o primitivo e a consciência, um arranjo surgido do processo químico natural resultante dos elementos que compõem este universo de energia e matéria.

A você que lê este trabalho, solicito atenção na interpretação deste conteúdo. Procuro apresentá-lo de modo que não se torne mais um mecanismo indutor, desses que tentam convencer alguém a aceitar argumentos disfarçados, recheados de divagações, palavras confortantes ou enganadoras. Não faço parte de nenhum grupo religioso ou político; não se trata de alienação ou antissociabilidade. Somente tento compreender, à minha maneira, o que acontece com os seres humanos — criaturas tão abastecidas de meios e recursos para existirem, viverem em harmonia, felizes e livres de sofrimentos criados por elas mesmas.

A gravidade, sem opção de escolha ou o recurso da imaginação, mantém as massas em seus lugares. Então por que nós, convencidos de nossa importância, perfeição divina ou suposta maravilha universal, nos tornamos — sem exceção — cúmplices de tudo que há de mal em nossa própria sociedade? Nem mesmo os animais, que agem com violência por pura necessidade e sobrevivência, podem ser comparados a nós. Eles devoram outros ainda vivos porque são obrigados; nós, ao contrário, provocamos dificuldades e sofrimentos alheios por capricho, conveniência ou escolha.

Com todo o tempo à disposição — para não dizer, a eternidade — e sem cobranças urgentes, deixamos de cumprir a sequência lógica do que chamamos de evolução, especialmente no sentido de aperfeiçoamento interior.

Aos amantes da violência, da ganância e da desordem — instigadores e fomentadores da dor alheia para manter seus privilégios e o conforto de suas ociosidades — caberia outra reflexão. Em vez de criarem pretextos para matar outros, deveriam voltar-se contra si, realizando ao máximo o grotesco prazer de sua necessidade doentia e seu desequilíbrio existencial.

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